Deve ter sido lá por 11 ou 12 de novembro de 1989. Comitê central (só haviam dois) do candidato presidencial Guilherme Afif Domingos, do Partido Liberal, rua Santana ao lado do Hotel Wamosy. Noite já, 21h, pelo menos. Estranhamos a chegada do Dr. João Goñi, que todos sabiam dormir cedo e ver o Jornal Nacional em casa, religiosamente. João Batista Michelena (onde andará?), eu, 15 anos, e mais alguém que não lembro, nos mobilizávamos para os últimos esforços da campanha que se encerrava (naquele tempo, as eleições eram sempre em 15/11). Talvez alguma boca-de-urna sem que 'os velhos' do PL soubessem, não lembro ... Já estávamos marcados pela 'arruaça' promovida no comício que Collor de Mello fizera dias antes na esquina da Bento Martins com Duque (no Correio do Povo saiu que jovens do PT e do PL tinham causado tumulto, e o deputado Sanchotene Felice, se não me engano, presidente estadual do PL, dono do imóvel daquele comitê, depois, em 1990, candidato a senador, telefonara, indignado, de Porto Alegre, preocupado com a imagem do partido - em verdade, fomos apenas com a intenção de marcar presença exibindo cartazes do Afif e apanhamos feito bicho dos seguranças do Caçador de Marajás!). A chegada do Dr. Goñi, enfim, frustrara qualquer intenção subversiva. Começamos a conversar banalidades para ver se aquele santo homem ia à sua rotina caseira e nos deixava conspirar em paz. Não funcionou. Todavia, o comentário dele sobre um fato ainda recente, mas já irreversível, já História, e minha total ignorância sobre o acontecido, foi um choque de realidade que me fez ir pra casa olhar um pouco de televisão e me inteirar do acontecimento que encerrara o Século XX: a queda do Muro de Berlim. Fim do comunismo, diziam. E já fazia dois ou três dias. Notícia velha, portanto. Absortos na campanha eleitoral, todo o resto nos era estranho. Como Christiane Kerner, de
Adeus, Lênin!, só que vivendo aqui do outro lado, o mundo mudara e não sabíamos. Estava dispersada a reunião.
Fernando ALVES: Polêmico filho da "Terras Brasis Uruguaianensis". Sempre é uma satisfação ler os comentários do amigo. A dialética do concreto faz parte da vida e a vida faz parte da semântica nos seus mais diversos signos. O ser humano é dotado da necessidade de fazer-se necessário. Memorável mesmo é que TUDO QUE FIZEMOS EM VIDA IRÁ REFLETIR PELA ETERNIDADE!
ResponderExcluirAbraços e sucessos
J. Umberto Braccini Bastos