"Uma manifestação para aparecer precisa causar um certo impacto." Roberto Duro Gick, presidente da Subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil, na rádio Charrua, hoje, perto das 14h30. Foto tirada do www.tribunadeuruguaiana.blogspot.com>
O que distingue Uruguaiana doutros municípios gaúchos de semelhante perfil econômico? A Ponte Internacional Rodoferroviária Presidente Getúlio Vargas/Agustín Justo, penso eu. (Como Itaipu em relação a Foz.)
Comércio, transportes e prestação de serviços diferenciados (inclusive, de advocacia), são decorrências dela. Sem a Ponte, só teríamos o arroz e a pecuária. E esta talvez sem a excelência que conquistou. É, pois, nosso maior símbolo. O diferencial que justifica - e alicerça - nossa liderança regional.
Todavia, não há consciência disso entre nós. Às tais 'forças vivas da comunidade', e ao meio político, a Ponte nada mais é que um palanque. E palanque de qualquer causa barata, diga-se.
Os sem-terra já a fecharam. Arrozeiros contrariados com regras do livre-comércio - quando não lhes favoreceram, também. Taxistas, moto-boys, caminhoneiros, marajás da Receita Federal, todo mundo, quando quer protestar, faz o mesmo.
Interessante como ainda conseguem dar ares de bravura à já banalizada (e delinqüente) fanfarronice: - Vamos fechar a Ponte Internacional!, afirmam nas rádios, com afetada indignação. Aí, à hora marcada, organizados e na companhia de algum vereador al pedo, fotógrafos e carro de som, vão lá e repetem a inútil - e patética - proeza.
E o que fica depois que voltam pra casa? Na minha opinião, fica só a certeza da vulnerabilidade do nosso mais importante símbolo - que não é uma riqueza natural, como o rio que transpôs, foi construído; antes disso, foi conquistado. Fica a certeza de que a comunidade (ou, suas pretensas lideranças) não o respeita. Não o considera intocável. Não o defende.
Aliás, quando a PF, a PRF e o MPF vão agir para coibir tais abusos, que são anunciados previamente?
Não há propaganda melhor para a ponte São Borja-Santo Tomé que a foto acima. Nem para o projeto de uma outra entre Itaqui e Alvear.
Se a comunidade (imprensa, entidades e poderes constituídos) não passar a repudiar essa forma, digamos, pouco inteligente (e, repito: criminosa - Código de Trânsito, art. 254: É proibido ao pedestre: I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto para cruzá-las onde for permitido; IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folguedo, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e com a devida licença da autoridade competente;) de protesto, poderia ao menos começar a cobrar de São Borja e Itaqui pelos serviços que nossos piqueteros lhes prestam.
Devem ter algum valor ...
Penso que é mais preocupante quando advogados se travestem de La pasionaria. Eles que por dever de oficio devem presar a Constituição em seus direitos fundamentais. Ir e vir não é interpretativo é pétreo. Pior: como poderemos condenar o MST que tumultua as cidades com suas passeatas ideológicas?
ResponderExcluirÉ triste ver que quando se trata de macaquice a massa (qualqauer uma) é ignara.
Um abraço,
Jair Portela
Fernando:
ResponderExcluirParabéns pelo blog! Já vi que vai dar para conhecer um pouco mais de Uruguaiana. Alguma semelhança com Cachoeira!
Fronteira desleixada parece ser, infelizmente, mais um dos males nacionais. Em Foz do Iguaçu, não é diferente e o que salva, ali, é o aspecto turístico ímpar no mundo - as Cataratas. Não fossem elas, Foz seria muito similar a Uruguaiana e ao que Fernando aponta no texto.
ResponderExcluirE parabéns pelo blog, Fernando. Vou acompanhar sempre, especialmente por se tratar de Uruguaiana, um lugar que me encanta
MF
Fui um dos integrantes desse ato e não o vejo como um ato de desrespeito ao cidadão.
ResponderExcluirAliás, se assim fosse, todas as manifestações públicas deveriam ser repudiadas pois 99% delas acabam por interromper alguma atividade do cidadão, inclusive obstrução de vias públicas como ocorrem nas passeatas, carreatas, showmícios, etc, mas tal repúdio aqui não foi mencionado.
Na verdade uma manifestação pública realmente prescinde de visibilidade e impacto social, a exemplo do que acontece nos atos públicos oficiais de governo com seus cavaletes e viaturas policiais atravessadas interrompendo o tráfego, como acontece nas reivindicações estudantis, nas mobilizações sindicais classistas, etc. Mas isso aqui não foi mencionado, ficando a parecer que somente o singelo ato de 10 minutos da OAB na Ponte Internacional é causa de transtornos aos cidadãos (que, como "bons brasileiros", não devem estar "nem aí" para o acobertamento de um criminoso pela República Argentina).
A vingar o entendimento do autor então acredito que devam cessar todos os direitos de livre manifestação e protesto ao cidadão brasileiro e assim, então, franquearmos o regresso da "ordem e progresso" dos governos fascistas, esses sim os mestres da mordaça, os senhores da ordem, os reis da disciplina.