O governador afastado do Distrito Federal foi em cana no carnaval. Os dias de folia não são muito propícios à reflexão, mas algumas se tornam inevitáveis.
José Roberto Arruda foi preso porque um suposto emissário seu foi flagrado tentando subornar um jornalista. Queria comprar uma versão sua que desqualificasse os vídeos onde Arruda aparece recebendo dinheiro.
O tal emissário confessou que estava agindo a mando de Arruda. O STJ e o STF acreditaram nessa confissão, e no bilhete atribuído ao governador, que provaria sua manobra para corromper as provas contra si.
A Justiça não quis esperar a perícia do bilhete, nem a investigação do suposto emissário, para ver se sua confissão era autêntica – ou se tudo fazia parte de uma armação contra Arruda. Correu o risco. Só o processo vai mostrar se foi uma prisão histórica ou desastrosa.
Parece evidente que Arruda estava à frente de um esquema podre. Mas se a decisão de prendê-lo foi correta, tem mais gente grande por aí que não podia estar solta.
Em 2006, assessores do senador Aloizio Mercadante – os aloprados – foram filmados comprando um dossiê que incriminava José Serra, adversário de Mercadante na campanha para governador de São Paulo. O candidato do PT gritou que não tinha nada com isso, e ficou tudo bem.
Arruda também poderia gritar que não tem nada com isso, que seu suposto emissário é um mentiroso e que não mandou comprar jornalista nenhum.
Em 2005, o publicitário Duda Mendonça confessou que recebeu dinheiro por fora, no exterior (crime contra o fisco), como pagamento pela campanha de Lula. Nenhum dos dirigentes do PT que roubaram o contribuinte ouviu falar em voz de prisão.
Roberto Jefferson confessou sua participação no esquema do mensalão, e apontou José Dirceu como mentor. O caminho do valerioduto até a boca do caixa e os bolsos dos deputados foi fartamente demonstrado. Mas as autoridades governamentais ficaram livres e soltas para calar as testemunhas que quisessem.
José Roberto Arruda está muito sozinho na cadeia.
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