Uma verdade inconveniente - Adão Oliveira
O Partido Progressista - PP - discutia na segunda-feira com quem se coligaria na eleição deste ano para governador do Estado. Em meio às discussões, alguém disse que a governadora Yeda Crusius, do PSDB, partido que detém a preferência das bases dos pepistas em caso de uma coligação, estava com índices de rejeição lá nas alturas. Na avaliação dos “progressistas”, isso seria temerário para o partido. De repente, o deputado João Fischer, com lucidez, entrou no debate para lembrar a seus colegas que o escândalo do Detran, protagonizado por gente influente do PP, que deixou um rombo de R$ 40 milhões ao Tesouro do Estado, foi responsável, em grande parte, pelos piores momentos passados pela governadora durante seus quase quatro anos de governo. Aí começou a rejeição de Yeda Crusius. Graças ao PP. Esta foi, decididamente, uma verdade inconveniente. O deputado Fischer abalou as consciências de seus companheiros. Naquele momento, passou pela cabeça de todos que ali estavam o filme da Operação Rodin. Na certa, eles lembraram aquela manhã, em que o influente Flávio Vaz Neto, diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), até então um cidadão acima de qualquer suspeita, chegou preso à Polícia Federal. E lá ficou por alguns dias. O Bira Vermelho, pasmem, que era diretor-financeiro do Trensurb, também foi em cana. E mais: o outrora poderoso diretor-geral da Assembleia, Antonio Dorneu Maciel, que se gabava de ter os deputados “na sua mão”, também pagou o mico de ser conduzido num camburão da Polícia Federal. Todos esses caras eram influentes caciques do Partido Progressista. Aí começava o calvário de Yeda Crusius. Depois disso, seguiu-se uma série de acusações contra a governadora. E agora vem o PP, agente primeiro do escândalo do Detran, alegar rejeição para tirar vantagens em caso de coligação. Ah! Não amolem!
Fonte: coluna Conexão Política, Jornal do Comércio, de 22/04/2010.
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