terça-feira, 10 de agosto de 2010


Do www.reinaldoazevedo.com.br

09/08/2010

A zanga de Joaquim Barbosa é improcedente; imprensa cumpre seu papel. Ou: o que queremos dele

Por Débora Santos, no Portal G1.

Joaquim Barbosa diz que “lazer” é aconselhado por médicos

Em licença médica desde 27 de abril deste ano para tratar dores na coluna, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa divulgou, nesta segunda-feira (9), nota de repúdio à reportagem de domingo (8) do jornal “O Estado de S. Paulo”, que publicou fotos dele em uma festa na noite de sexta-feira (6) e em um bar da região central de Brasília, no sábado (7).
“Diante das notícias de caráter sensacionalista e fotografias de qualidade duvidosa publicadas nos últimos dias, externo meu repúdio aos aspirantes a paparazzi e fabricantes de escândalos que, sorrateiramente, invadiram minha privacidade em alguns poucos momentos de lazer, permitidos e até aconselhados pelos médicos que me assistem”, afirmou Barbosa.

No texto, o ministro reafirma que, há três anos e meio, sofre de dores crônicas na região lombar e no quadril e, portanto, desde 2008, tem tirado licenças de até três semanas. Barbosa explica ainda que, em abril deste ano, resolveu licenciar-se por um período de 60 dias para tentar resolver definitivamente o problema. No último dia 2 de agosto, ele pediu uma renovação da licença para ficar afastado por mais dois meses.

Segundo a reportagem do jornal, estatísticas do STF mostram que 13.193 processos tramitam sob a relatoria e Barbosa, incluindo os que estão no Ministério Público Federal para parecer. “Em meio ao esforço redobrado para alcançar uma plena recuperação, reitero meu compromisso de cumprir com as atribuições constitucionais que me impõe o honroso exercício do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal”, disse o ministro do STF.

Na semana passada, um julgamento que teve de ser suspenso por conta da ausência de Barbosa e da aposentadoria de Eros Grau, oficializada no último dia 2 de agosto. Ao final da sessão, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, anunciou a interrupção temporária da licença para que Barbosa analise alguns processos. Nesta segunda-feira, o ministro cumpriu expediente em seu gabinete no STF.

Comento
A nota de Joaquim Barbosa repete as informações publicadas pelo Estadão. Não entendi por que ele está tão bravo. Segundo o seu protesto, se o jornal melhorar a qualidade das fotos — que, sei lá por quê, ele não considerou boas —, tudo bem. A propósito: acho que elas lhe fazem justiça.

Considero que Barbosa comete uma impropriedade ao chamar os repórteres e fotógrafos de “paparazzi”. Impropriedade ou ato falho, sei lá. Os “paparazzi” correm atrás de celebridades — que é tudo o que um ministro do Supremo não é. Ou, ao menos, não deve ser. Quanto mais Barbosa estiver dentro do tribunal, trabalhando, menos será encontrado fora dele, fazendo qualquer outra coisa. É uma questão de física e de lógica. Assim como dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, um mesmo corpo não ocupa lugares distintos ao mesmo tempo…

Não, ministro! O senhor está errado, muito errado! Se um servidor público da sua estatura — e só há 11 nessa condição; na verdade, no momento, apenas 10 — vai ficar 127 dias sem comparecer ao emprego num período de meros nove meses (e com o recesso…) porque tem uma doença que o inabilita para um trabalho que é de natureza intelectual e se esse mesmo servidor tem uma vida social até bastante movimentada, isso é de interesse público. E tem de ser noticiado. E quem deve fazê-lo é a imprensa que se leva a sério. Os paparazzi se ocupam das fofocas da vida privada de celebridades.

E é do interesse coletivo que um ministro do Supremo, guardião maior da Constituição, esteja em condições de exercer plenamente as suas funções. Não podendo, conta-se com seu espírito público para que um outro o faça. Podendo, conta-se com a sua disposição para o trabalho.

O lazer pode até fazer bem à sua coluna, mas seu trabalho faz bem ao Brasil. Assim como seu lazer não pode ser inimigo do seu trabalho, sua coluna não poder ser inimiga do Brasil.

Eu insisto: NINGUÉM QUER JOAQUIM BARBOSA FORA DO SUPREMO. AO CONTRÁRIO: NÓS O QUEREMOS DENTRO.

Por Reinaldo Azevedo

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