Há uns 15 dias almocei com o vereador Kiko Barbará (PMDB). Me contou que a eleição de Ronnie Mello (PP) seria o primeiro teste de resistência da liga da oposição. Deu certo. Acabam de derrotar o candidato do Executivo, Fernando Tarragó (PSDB), ungido ao sacrifício numa tremenda (e sintomática) demonstração de falta de vontade do tucanato de rachar seus opositores escolhendo um não-tucano para apoiar e eleger presidente da Câmara. Em 2012, Kiko espera disputar o Palácio Rio Branco com eclética - e flácida - aliança, apoiado por Frederico Antunes (PP), Caio Riela (PTB), Neito Bonotto (PMDB), Nivaldo Soares (PMDB), Brasil Carús (onde estiver), só veteranos e profissionais. Na vice, talvez o PT. Me falou no vereador Clemente e eu fiquei pensando no Maher Jaber, prefeito da Barra do Quaraí. Claro: não gosto do brigadiano e sempre torço pelo turquinho, que faz bom trabalho naquela casa-da-mãe-joana que o PTB transformou o infante município. Seria uma chapa interessante, renovadora, ficha-limpa ... Agora falam que a vereadora Josefina (PSDB) entraria no PP para ser vice do Kiko. Seria divertido vê-la falando ao que ainda resta da aristocracia rural dentro do PP, mas duvido que se arrisque a perder o mandato trocando de partido. O fato é que, assim como ter participado do governo Caio Riela não lhe enaltece a biografia (acho que ele sabe disso), as companhias que Kiko tem para formar um frentão não se ajustam ao perfil da renovação que as ruas demandam: oxigenação de lideranças e mudança de prioridades (menos desapropriações e mais distrito industrial, por exemplo), mas sem retrocessos. Resumindo: ninguém quer a volta do carusismo.
Será bem dificil a empreitada de Kiko Barbará. Menos dificil, todavia, se não prevalecer a racionalidade no PSDB. E se o brilho individual de seus quadros (vereadores e ex-vereadores, inclusive) não for visto justamente como o maior defeito de cada um. Ou como ameaça.