quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

No fim da tarde de ontem (15), dois touros Pampa bufavam e se mediam, alheios a tudo, cabeças quase se encostando, separados apenas por uma velha cerca que já teve seis fios e todas as tramas inteiras. Saquei a máquina, escolhi o ângulo e me preparei, mas a pressa de voltar à cidade não me deixou registrar que aqueles touros não brigariam, como de fato não brigaram, por causa de uma linha quase imaginária. Aquela cerca não os seguraria. Não os conteria. Mas eles a respeitaram. Voltei lamentando a foto perdida. Dei uma espiada na internet e fui dormir imaginando como seria o debate entre o advogado Lauro Beheregaray Delgado e o prefeito José Francisco Sanchonete Felice sobre a situação da Santa Casa de Caridade, na São Miguel AM, hoje de manhã. Um amigo, que não simpatiza com o prefeito, avalia que este ganhou a parada. Que Lauro não soube ser objetivo nos ataques e que Sanchotene fez com que parecesse um denuncista oco. (Não sei, talvez a amizade com Lauro me faça ser parcial e discordar. Somos parceiros de cachaça, aquela do Gilberto Rossi, vinho e café. Raramente divergimos, embora eu desconfie que ele não esteja do lado certo quando tantos médicos o aplaudem ...) O fato é que o debate foi duro. Embora as recordações (prenhes de ironia) do tempo em que foram guris juntos, 60 anos de desafeição os afastam. E os faz conhecerem a linha imaginária que jamais desrespeitaram. Provocaram-se. Testaram limites. Recuaram. E se atacaram de novo, com o máximo cuidado para não avançar demais. De tudo, me parece que Lauro levou a vantagem de ter sabido enfrentar Sanchotene sem o temor reverencial que Frederico Antunes, Ronnie Mello e Kiko Barbará, por mais que se esforcem, não conseguem esconder. Falou em pé de igualdade. E, perante um homem público de cuja honradez ninguém duvida, duvidou da idoneidade da escolhida pelo prefeito para administrar o hospital, a advogada Ana Maria Del Lito Sturmhoebel - que, trabalhando em Uruguaiana, entrou (em Porto Alegre) com a ação judicial nº 001/1.06.0059537-8, pedindo aposentadoria por problemas em sua saúde mental. - A mimosa dele, ironizou Lauro. Como no poema de García Lorca, "puso huevos em la herida"!

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