terça-feira, 1 de fevereiro de 2011



Todos os fins de tarde tenho acompanhado o Rafael, meu irmão de 13 anos, que vai pescar no Rio Uruguai. Ele molha as linhas enquanto leio mangás do Naruto - de trás pra frente e da direita pra esquerda, que é como os orientais lêem, segundo o guri me ensinou. Na hora de vir pra casa, hoje, já havia uma multidão ao lado do Tamandaré Iate Clube, onde dezenas de uruguaianenses, diariamente, vão pra assistir o sol se por em terras correntinas. Isso que a procissão que esperavam (de Iemanjá) será amanhã, dia 2.

Nada contra o pessoal que tem dia certo pra tapar o nosso já maltratado rio de oferendas (melancia, canjica, pipoca, animais ...) a deuses e deusas que não se empaxam nunca e que aceitam ser evocados por uma tenebrosa batucada que me faz, sem conhecer música nem antropologia e não tendo quem me ensine, achar que percussão é música de primatas, antigos e atuais ...

O bloco dos católicos também fará sua procissão (de Nossa Senhora dos Navegantes), que se mesclará àquel'outra, como tem que ser desde que o Concílio Vaticano II decidiu que devem coadjuvar a fé popular (este ano, comemoram os 100 anos dos carmelitas em Uruguaiana).

Enfim, esta semana não dará pra voltar àquelas margens, que o nosso Uruguai precisa de tempo para livrar-se da sujeira que será deixada onde banhistas de todas as religiões (e de nenhuma) costumam se refrescar, crianças, inclusive ... Ficarei com Ave Maria, pelas mãos de João Carlos Martins. E a lembrança do Padre Félix, um impaciente e turrão espanhol de redondos óculos fundo-de-garrafa que comandou a Paróquia do Carmo bem antes que os vigários atuais ensinassem aos fiéis como se lê - errado - o Livro Sagrado, se me entendem ...

Pobre povo e pobre rio.

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