terça-feira, 29 de março de 2011

Acabo de chegar de um bairro pobre, a Tarragó, assim mesmo, com o artigo feminino, que é como fala a gente simples do lugar, regida por particular regra de concordância (ou seria uma elipse?) com o nome oficial, que é Antônia Tarragó. O que conhecem bem são as regras de convivência. Não se ouve música alta, nem pastores, nem as propagandas das óticas de gente sofisticada aqui do Centro. Claro que há os gatos. Anos atrás, um cunhado meu pagou R$ 50 pelo resgate do nosso Fred (Fredolino), um boxer que, sem perder a fidalguia, cresceu e ficou igual a um Fila e que foi levado lá de casa amarrado numa indigna corda de roupa e que, dói reconhecer, já estava plenamente adaptado à sua nova vida, no Beco do Piolho, um recanto meio sinistro do bairro; quando ia saindo, teve que dar mais R$ 10, "pela informação". Mas são as exceções. Bueno, já ia me perdendo ... Eis que, lá, falei com a família de um operário que, embalado pelo estelionato da Era Lula, se endividou para comprar um terreninho que, quando quitado, daria folga para que entrasse no Minha Casa, Minha Vida. Só que a pirâmide desabou. E o sonho de financiar a casa, também. Óbvio, Dilma eleita, a CEF descobriu que não tem mais dinheiro para manter o frenético ritmo dos financiamentos do ano eleitoral. Aí, inventou regras para restringir o crédito (antes, frouxo): entre elas, a de só vai financiar imóvel em rua asfaltada (que mimo às empreiteiras, hein!). Me disse um corretor que, com isso, conseguiram frear em 70% o movimento. Nossa elite gosta de cultivar o mito de essa gente, Lula e Dilma, ter tido a primazia de pensar nos pobres, mesmo sendo capaz de tal expediente. Vou sugerir aos portugueses que dêem a comenda Honoris Causa ao ladrão do Fred!

PS.: o post acima é de ontem (29) de noite; agora de manhã, li no Estadão a matéria Corte de gastos emperra "Minha Casa". Tá meio devagar a "imprensa golpista"!

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