domingo, 3 de abril de 2011


Ao leitor desavisado pode parecer que Guilherme Socias Villela fez apenas uma leve crítica ao deputado Estadual Frederico Antunes (PP), na coluna Desenvolvimento, jornal Momento, edição nº 334, desta semana. É bem mais que isso. Villela, prefeito (nomeado) de Porto Alegre nos anos 80, é um dos cardeais sem-voto do PP gaúcho. E falou de Frederico no chão de Frederico. E sobre um assunto que é grave aos uruguaianenses: o monopólio dos transportes intermunicipais. Uruguaianense, mora e fez a vida na Capital, mas volta e meia era lembrado como possível candidato à prefeitura da terra natal. A lembrança funcionava mais como uma homenagem. Assim como os petistas fazem com Raul Pont (PT), que também chegou a prefeito lá. O fato é que a relação com Frederico ensejava essas mesuras. Acho que agora não mais ...

Os poderosos e o opaco legislativo
Guilherme Socias Villela, economista 
Regulação. Algo novo na administração pública -  há pouco mais de 10 anos no País e no Rio Grande do Sul. Todavia, é algo que existe há mais de 170 anos nos Estados Unidos da América - nasceu com a conquista do Oeste (lá, hoje, há uma agência por estado, e algumas federais). E elas existem em toda a Europa. 
A regulação exige a existência de agências reguladoras. Elas não são apenas órgãos de fiscalização. Mais do que isso, elas estão voltadas para eventuais problemas em contratos existentes entre os governos e as empresas concessionárias. São órgãos de Estado - e não órgãos de governo.
Todavia, nenhuma agência reguladora existe sem ter o poder de sanção - possibilidade de punir, multar eventuais infratores de contratos. A Agergs - agência estadual de regulação sul-riograndense, pioneira no Brasil - esperou mais de treze anos para ter regulamentado o seu poder de sanção, previsto em lei, mas não regulamentado. Neste novo ciclo administrativo, o Executivo estadual enviou à Assembléia Legislativa projeto-de-lei visando dar o poder de sanção à Agergs. Uma visão moderna do governador Tarso Genro.
Pois, o que aconteceu na Assembléia Legislativa pode ser resumido na lavra do consagrado e importante jornalista Érico Valduga, em 18/3/2011, como segue:
"Excluíram a capacidade de a agência reguladora dos serviços públicos delegados do Rio Grande do Sul sancionar os concessionários (ou delegatários), em caso de descumprimento da legislação sobre a qualidade do atendimento aos consumidores nas áreas de energia elétrica, saneamento, rodovias, transporte de passageiros, estações rodoviárias, hidrovias e irrigação. O projeto foi substituído por outro, encaminhado pelo deputado Frederico Antunes (PP), que retirou as sanções de advertência escrita e multa nele previstas. Portanto, continua a impunidade em casos de má qualidade dos serviços que nós pagamos como se fossem bons."
Visceralmente contrárias ao projeto - inovador e honesto - prevaleceu, no caso, a poderosa opinião contrária das empresas concessionárias, especialmente as empresas de pedágio e de transporte intermunicipal de passageiros (ônibus). Por exemplo, eventuais problemas no transporte de passageiros entre Uruguaiana e Porto Alegre apenas poderão ser observados e não corrigidos - graças ao substitutivo aprovado. 
Foi uma luta entre os poderosos e o opaco poder legislativo estadual.
Eis uma oportunidade para o batalhador Lauro Beheregaray Delgado levar o assunto ao denominado Conselhão do governo do Estado - onde ele bem representa Uruguaiana.

PS.: o negrito e o colorido não estão no texto original.    

2 comentários:

  1. Esse senhor, Villela, que foi INTERVENTOR e nunca PREFEITO em nossa Capital e minha terra natal entendo desprezível. Durante a CPI dos pedágios que assisti no Canal 18, TV Assembléia, demonstrou o seu caráter ao dar a entender “intimidade” com uma profissional concursada na tal AGERGS e que denunciou as falcatruas. O Engenheiro Cloraldino Severo, profundo conhecedor de assuntos de trânsito disse de forma o mais clara possível que Villela não é honesto. Comungo dessa opinião, pois o mesmo quando deputado foi o autor da Lei dos Pedágios. Não logrando reeleição foi colocado na mesma como representante do governo e quando seu mandato expirou restou reconduzido pelos “concessionários”. Não tenho procuração pra defender o deputado a quem ele ataca, mas sabendo quem é penso que tal ataque não deva se levado em conta.

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  2. Carlos Alberto Delgado20 de abril de 2011 às 19:42

    Senhor Jorge.
    Também não tenho procuração para defender o senhor Villela, mas não posso deixar que pareça que o santo da história é o deputado.
    O que está em discusão não é a honestidade ou a não honestidade do senhor Guilherme Villela. E sim, a falta de respeito do Dep. Frederico Antunes com todos aquele que ele representa.
    Mais uma atitude lamentável desse deputado que representa a fronteira oeste, o que mostra qual o seu verdadeiro interesse, prejudicar o povo e defender os poderosos empresários.
    Parabenizo o senhor Villela pela oportuna colocação sobre a atitude do deputado. O que me espanta mais ainda, é a vontade do deputado Frederico ser prefeito de Uruguaiana, dessa maneira está colocando os pés pelas mãos.
    Está na hora de ficar a favor do povo!

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