sexta-feira, 8 de abril de 2011

O ritual do luto guardava, antigamente, uma dignidade estranha aos dias que passam. A dor impunha silêncio, fazia escassearem as palavras. Hoje tudo virou espetáculo. A oportunidade de dizer um oco basta! com os olhos esbugalhados mirando as câmeras de TV é irresistível. Mais ainda para autoridades. A entrevista que Sérgio Cabral, governador do RJ, deu logo após a chacina das 12 crianças me fez lembrar outra coletiva dada por um antigo ocupante daquele mal-afortunado posto, Antony Garotinho. O oportunista queria gabar a competência da Polícia para desvendar um crime misterioso que vitimara gente de destaque, aí levou (de helicóptero) um pobre negrinho, catatônico de tanto apanhar, ao encontro de um bando de repórteres para confessar a autoria. Estavam desmoralizados os que tinham visto inteligência no crime. Tudo fora muito simples, prosaico, até. Genial era a Polícia de Garotinho! Foi o triunfo do animador de auditório. Agora o animador foi Cabral. Mataram 5794 pessoas, em 2009, no RJ. Em 2008, 5717. Tudo o que o palhaço fez foi criar as tais UPPs - a polícia não incomoda os bandidos e eles se comprometem a não fazer bochincho perto de casa. E o Rio de Janeiro continua lindo ... celebrando como gênios da raça a fina flor da bandidagem, barões do carnaval, do futebol, das artes e da política fluminense. Aí aparece um louco, comete uma chacina que política de segurança alguma impediria, em lugar algum, e vem Cabral aproveitar a oportunidade para faturar com o sangue ainda quente das crianças e a consternação de todos. 

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Me disseram, não vi, que a presidente Dilma embargou voz e falou o mínimo que podia quando entrevistada. É atitude de Chefe de Estado. Parece isenta da covardia de se esconder, para não associar sua imagem a fatos negativos, como fazia Lula; e da necessidade de dar lições de vida a todo mundo e de falar em demasia, como fazia Lula. Menos mal.

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Mas não falta quem aproveite a tragédia para vender suas bandeiras. A do desarmamento, de novo. A velha conversa fiada de que o arsenal dos bandidos é formado pelos 38 que roubam do cidadão de bem. E as armas aí da foto, de qual pai de família tiraram?

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Parabéns ao rentista-mór dos Direitos Humanos no RS pela adesão de Sarney, rentista-mór do pudê na República Federativa do Brasil, à bandeira do desarmamento! Sem armas na mão do cidadão e sem câmeras de vigilância perto dos capangas do TCE quando estão ocupados em agredir jornalistas. Que primor de humanistas!

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