Depois de sete meses de governo Dilma e com o Paralelo 29 meio sem assunto, já estava pensando em lançar um desses abaixo-assinados que correm na internet: ia propor um desagravo dos brasileiros com o PMDB, que todo mundo suspeitava que fosse desencaminhar essa coalizão de patriotas do PT, do PR, do PP, do PC do B, etc, e, até semana passada, resistia invicto como uma freira. Mas aí veio a reportagem da Época sobre o ministro da Agricultura, o peemedebista Wagner Rossi - que até outro dia a classe ruralista festejava como herói porque apoiara a (justíssima) posição deles sobre a reserva legal (como enxergam longe ...) - e tive que desistir. Mas vamos ao que escreveu Palmério Dória em Honoráveis Bandidos, Geração Editorial, de 2009: “Atende pelo nome de Wagner Rossi. Político de Ribeirão Preto, intimamente ligado ao quercismo, mas também a qualquer governo que possa lhe dar algo em troca. Na superintendência do porto de Santos, onde 8 mil estivadores pegam no pesado e 40 navios estão em operação num dia comum, Wagner Rossi criou um estilo debochado e extrovertido para não fazer nada pelo resto da vida, ele e os descendentes. Recebia empresários e fornecedores com um procedimento que marcou sua administração e traumatizou a maior parte de suas vítimas. Precavido, tinha no gabinete um aparelho de com potente, sintonizado nas mais inesperadas emissoras de Santos. E ao som de baladas brejeiras ou rock pauleira, tocados em altos decibéis, atendia aos interessados. Assim evitava gravações. Falava quase no ouvido das pessoas, sussurrando um cantilena de administrador ímprobo. Como se fosse o mímico Ricardo “Marcel Maceau” Bandeira das docas santistas, na calada do gabinete fechava os acordos mais espúrios com uma gesticulação que enojava ou divertia os empresários importadores ou exportadores. Sorridente, arregalava os olhos, levantava as mãos e esfregava freneticamente indicadores e polegares, sinal de dinheiro desde que o dinheiro existe.
Se todo o empresariado brasileiro sabe disso, se toda a classe política sabe, se toda a imprensa nacional sempre soube, e agora você também já ficou sabendo, como Michel Temer não haveria de saber?”
Paralelo 29 pergunta: - E Dilma, não sabia????