Gaúcho é um animal tão sagrado que só pode sofrer comparação com outro gaúcho. Não à toa, um antigo slogan do Banrisul dizia Melhor porque é nosso. Assim tem se portado a nossa imprensa desde a hora que foi anunciada a nomeação do deputado Federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB do Rossi) para o Ministério da Agricultura. De Sperotto ao PT, uma super safra de adjetivos. (E os jornais engolem todos!) Como não disputava o páreo com nenhum outro gaúcho, foi a "melhor escolha" que Dilma podia ter feito. (Até os nossos políticos profissionais são superiores!) Se jamais teve qualquer proximidade com enxada, trator, boi-de-canga, transgênicos, febre aftosa, porco ou o preço de um caminhão de NPK, isso é visto como o diferencial de suas virtudes. Assim, fica deixada de lado a obrigação jornalística de procurar os pés-de-barro do novo ministro. Não sou jornalista, vivo do meu salário de burocrata (e do que me pagam os Teixeira para não falar mal da Planalto, estão atrasados ...), então não vou pesquisar o assunto mais a fundo, mas lembro da primeira vez que ouvi falar no tipo: idos de 1990, pouco antes, pouco depois, três deputados estaduais foram, coincidentemente, aprovados no mesmo concurso público para delegado de Polícia: Cezar Schirmer (PMDB), prefeito de Santa Maria, José Otávio Germano, deputado Federal do PP, e Mendes Ribeiro Filho. Alguém do PT levantou a lebre (faziam isso, naquele tempo), fez-se um bochincho bem grande e uma nova prova foi marcada. Aí o trio desistiu da carreira policial. Acharam, quem sabe, que não repetiriam a sorte da primeira prova? Nunca saberemos ... É um caso antigo, que não é justo levantar porque nunca ficou esclarecido e, portanto, não compromete? Talvez, talvez. Mas a Zero Hora tinha obrigação de informar, mesmo que numa coluna social, assim como quem não quer nada, um tipo de relação que não envelhece; antes, se renova: Mendes Ribeiro Filho e José Otávio Germano são compadres. Sim, compadres. (Não sei se há outro político mais próximo do futuro ministro.) E não há nenhum mal em lembrar isso. Ou há?
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