segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Neto do saudoso professor Hélio Zubaran Nelsis, que tinha sido vereador do PMDB e que, aos da minha geração, dava História, no Elisa Ferrari Valls, feudalismo, fisiocratas, liberalismo, Revolução Francesa, sempre com uma pitada de ironia e ceticismo aos que tinham sido emprenhados pelo ouvido com certezas sobre o inexorável curso da História (sim, isso foi antes do fim do mundo deles, 1988, 89), Thiago Nelsis, 20 e poucos anos, advogado, é meu conhecido faz algum tempo. Fomos colegas, mas nunca conversamos muito. O suficiente para um - Oh, que tal?!, e só. Agora, pelas páginas do Tribuna de Uruguaiana, vim saber que faz poesia. E com a qualidade do que aqui vai.


Salão das Sombras (Festim da Criação)


Projeta-se em minha parede ululante espectro,
E, oferecendo-me seu convite horrendo abre
Para mim o portal macabro no qual adentro.


Mergulho na imensidão sem fim
Do salão das sombras despertas,
Delícias no estranho camarim - 
Entre outras almas tão desertas


Aqui habitam o delírio e o descaso
E escarro a podridão que canta em mim, devassa
Nessa glorificada obra do louco acaso!


Servem-se aqui vinhos sagrados
De longos tempos já passados
Em que o próprio Tempo não havia encontrado o seu curso.


Todas as essências da natureza regurgitando falácias
Onde o destino do homem é feito seu pérfido passatempo
O festim refestela-se nessas imprevisíveis abundâncias ...


Os séculos circuitando lá fora velozes
Sem que aqui passe sequer uma noite
Revelando nossos certeiros destinos atrozes!


Desperto. Só, em meu quarto, sem saber se sonhei
Ou se com aquelas entidades compartilhei
As imensidades da Criação e a efemeridade do nosso ser ...

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