domingo, 25 de julho de 2010


Diziam que para o vinho vir à mesa de cada dia, como fiel acompanhante das refeições, solitárias ou gregárias, era preciso que fosse popularizada a sua venda em taça - prática a que, por razões econômicas, os donos de restaurante resistiam. A embalagem ao lado será o carro-de-combate da revolução que virá no hábito de consumo dos brasileiros. E está chegando às gondolas do interior. Aqui em Uruguaiana, no BIG-WALT MART, já tem, mas só uma ou duas marcas (o Terrasul aí sai por R$ 34; equivale a 6,6 garrafas) - e só nacionais, por enquanto - espero yo.
Aliás, digna de nota a honestidade do garçon do restaurante River's, domingo passado, que, quando perguntado se vendiam vinho em taça, me respondeu: - Tem, mas é JP.

O generoso bag in box

Chega de rolhas, garrafas pela metade, vacuo-vin e a estressante preocupação com a conservação do vinho que é aberto e não totalmente consumido. Os que já superaram a fase de “apreciadores esporádicos”, quando regras e tabus apavoram, e estão na fase de consumidores que incorporam o vinho aos hábitos gastronômicos e bebem pelo menos um copo diariamente durante as refeições, têm à disposição uma alternativa de embalagem generosa, que oferece praticidade, segurança e excelente relação custo-benefício: o bag in box.

A embalagem consiste num saco feito com um filme-plástico acondicionado numa caixa de papelão que o protege e dá o acabamento com as informações do tipo de vinho, elaborador, região, safra etc. Os conteúdos mais utilizados são de três e cinco litros, e a caixa tem uma torneira lateral que permite retirar o vinho conforme a necessidade.

A grande vantagem do bag é que o vinho está disposto em um saco plástico atóxico, fechado a vácuo, que encolhe quando é retirado líquido pela torneira, impedindo o contato do ar com o produto e garantindo sua perfeita conservação até o consumo total. Outras vantagens acompanham o bag, como volume de quatro garrafas pelo preço de duas, eliminação da rolha, da garrafa, tamanho e formato adequado para ser guardado.

Para quem consome um cálice diariamente, um bag de três litros atende perfeitamente à necessidade de aproximadamente três semanas, tempo de sobra nos prazos assegurados de quatro a seis meses de perfeita conservação. A embalagem de cinco litros atende melhor a venda em copos em bares e restaurantes. A venda fracionada nesses estabelecimentos sempre enfrentou o dilema das sobras e conservação, motivos da rejeição ao sistema. Alguns equipamentos com sistema de vácuo e gás inerte são tão caros que poucas vinícolas arriscaram investir neles.

Vistas as vantagens dessa embalagem, procure agora a marca de bag que atenda sua expectativa em vinhos brancos e tintos, lembrando que a compra de vinho é um ato de risco. O mais lógico seria começar pela marca da vinícola de sua preferência. Se a qualidade do vinho dessa marca é aquém do esperado, sinal que a vinícola usa o bag para descarregar as sobras e não merece sua confiança. Com certeza achará vinhos tintos e brancos varietais de boa qualidade, excelentes para bebê-los moderada e lentamente, sem estresse, usufruindo os comprovados benefícios que ele traz à saúde do corpo e da alma.

Os encontros familiares de fim de semana, quando pais, irmãos, genros, noras e netos compartilham o tradicional e barulhento churrasco, ficarão ainda mais descontraídos com a “caixinha” de vinho na mesa, de torneira aberta aos sedentos de vinhos simples e honestos.

E como fica o ritual da retirada da rolha, arejamento, garrafa na mesa e harmonização perfeita? Reserve para momentos especiais, mais formais, quando haja necessidade de dar ao vinho o tratamento adequado à ocasião. Saiba diferenciar o ato de beber o vinho honesto de todos os dias, ao de degustar a garrafa escolhida cuidadosamente para uma harmonização especial.

ADOLFO LONA, enólogo - ZERO HORA - 02/07/2010

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