terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Márcio Fernandes ficou de ligar na madrugada de sábado (20) para me ouvir num programa de rádio que faria com seus alunos do curso de Jornalismo da UNICENTRO sobre os 40 anos do movimento nativista. Passei-lhe o telefone de Colmar Duarte (que consegui com amigos em comum) e avisei não tinha o mínimo conhecimento de causa para falar. Ignoro o mosaico de nomes e obras e a filosofia que, reconheço, moldaram o gaúcho hodierno. Mas, desde que comemos sal no mesmo cocho como prepostos de uma malograda aventura político-financeira que tinha como garantia a reeleição de Britto e como personagem visível a dona do jornal A Razão, de Santa Maria, que comprou O Jornal de Uruguaiana e o entregou aos cuidados do Márcio, lá por 97 ou 98, de tempos em tempos, ele, cruza de uma missioneira com um uruguaio, e carinhoso amigo, arruma uma pauta ou projeto que, diz, "precisa" de mim. Até hoje, só com a fantástica história que envolve um bispo de Santa Maria numa trama de mortes, sequestro e chantagem topei colaborar, mas isso é para outra hora. Como disse que, das 5h30 às 7h, ligaria de qualquer jeito, deixei a erva na cuia, a água na térmica (é o costume, meu mate é morno) e fui dormir com uma pedra de gengibre na boca, pronto. Mas nada. Não ligou. Acho que os alunos, mais ajuizados que o mestre, não quiseram arriscar suas carreiras tão no início ... E acho que foi para me iniciar no tema que indicou a belíssima Contraponto, de Cristiano Quevedo. Diz muito de muitos de nós ...

Esse meu jeito de alçar a perna
De mirar ao longe o horizonte largo
É o contraponto de beber auroras
Quando cevo a alma pra sorver o amargo

Esse silêncio que me traz distância
Que me agranda o canto entre campo e céu
É o contraponto de acender o fogo
Meço um metro e pouco da espora ao chapéu

Essa coragem de pelear de adaga
De ser um gigante pela liberdade
É o contraponto de ajuntar terneiros
E acenar aos velhos e ter humildade

Essa audácia de buscar o novo
Sem pisar no rastro ou reacender as brasa
É o contraponto de ter prenda e filhos
E ficar tordilho ao redor das casa.



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