quarta-feira, 17 de novembro de 2010


ZERO HORA, hoje

Falta de obstetras em Uruguaiana faz gestantes viajarem até Alegrete para dar à luz

Grávidas enfrentam viagem de 150 quilômetros para fazer cesáreas
Marina Lopes marina.lopes@zerohora.com.br

A bolsa com as roupas de Luan estava pronta há um mês, mas Patrícia Corrêa, 24 anos, nunca imaginou que ela seria a primeira mala de viagem do filho. A dona de casa de Uruguaiana, na Fronteira Oeste, precisou viajar 150 quilômetros até Alegrete para poder ganhar seu bebê no domingo passado.

Patrícia foi uma das quatro mães que, devido à suspensão no atendimento dos médicos obstetras na Santa Casa de Uruguaiana desde a meia-noite de domingo, teve que ser removida em uma ambulância da prefeitura até a cidade mais próxima para fazer a cesariana.

— Fiquei nervosa na hora. Ter de fazer uma viagem, ficar longe da família num momento importante desses é um transtorno. Meu marido e minha sogra tiveram de gastar, ir de carro até Alegrete — comenta Patrícia, que é mãe de um menino de três anos e ficou em Alegrete até ontem.

Os partos particulares estão ocorrendo normalmente na Santa Casa. O problema são os procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os oito obstetras que trabalham na instituição não são efetivados e recebem por procedimento e hora trabalhada. O grupo tenta negociar com o hospital a contratação formal somada ao pagamento por procedimento há um mês. A prefeitura já sinalizou que fará a efetivação dos funcionários, mas o hospital não tem condições de pagar por procedimento realizado, informou a administração.

— Nesses casos, um médico não chega a ganhar R$ 4 mil bruto. Queremos o pagamento por procedimento, que pelo SUS é baixo, cerca de R$ 130 por parto. O conjunto de procedimentos mensais aumentaria em cerca de R$ 2 mil o salário. O grupo não quer abrir mão disso — explica o diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Nauro Aguiar.

A enfermeira obstétrica da instituição Márcia Lima diz que os partos normais estão sendo realizados:

— Quando a mulher está quase ganhando chamamos um dos médicos. Até agora sempre tem um que acaba vindo. Eles fazem o parto e vão embora. Não ficam no plantão, como antes. Casos complicados ou cesárias são encaminhados para Alegrete.

Hoje, no início da tarde, uma equipe do Simers fará uma reunião com o grupo de obstetras em Uruguaiana.

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